
Todos os dias eu rezo. Não para deus, mas para a vida. Às vezes, acordo às avessas e parece que todas as paredes da casa irão se rachar. Meu sofá da sala, amarelo, sofre quando me jogo sem piedade.Mas, depois do café o sol chega a meus olhos e tudo em mim, encanta. Sou outra, delicada, de bem e amante. Quero brincar com o dia, fazer dos minutos, instantes eternos. Quero tocar pessoas e participar com elas. Meu jeito de dizer as coisas é sempre muito humano. Quero viver cada dia como se fosse único. Mas, não é? Cada pedacinho de mim se modifica quando toco partes alheias e diferentes. Estou na fronteira entre mim e de quem vem em minha direção. Fico com jeito de sapeca e me deixo levar. Continuo caminhando, olhando e enxergo a luz e a escuridão. Mergulho na paisagem que se apresenta. Deixo que o amor me toque, não o piegas, mas o que faz meu corpo vibrar pelo simples fato de estar viva, seja diante das coisas boas ou das coisas ruins. Quero modificar, quero me deslocar, para fora, para dentro, ir e vir. Quero chegar em casa, saborear todos os cantinhos e frestas que falam comigo. Quero descansar, quero deixar que meus pensamentos cessem.Quero dormir. Agora vou rezar e sonhar. Amanhã será um novo dia.
Marisa Speranza
Marisa Speranza