4 de set. de 2007

Conto de Miriam


Miriam caminhava de um lado para o outro. Estava desanimada e desesperada. Teria que desfazer tantas coisas; se meteu com pessoas erradas. Ela estava sendo cobrada por suas atitudes e todos lhe diziam que havia sido em vão. Ela chorou a noite toda, envergonhada porque abrira mão de sua liberdade quando assumiu o erro da outra.
Sua família, incrédula, passava freneticamente os panos pelos móveis, na tentativa de encobrir as poeiras que se acumulavam; era uma espécie de camuflagem, não tinham coragem de olhar Miriam nos olhos. Ela se martirizou porque tinha sido tão ingênua, foi torturada com palavras odiosas e pensou mesmo que fosse tão importante ao ponto de alguém querer ir contra ela. Assinou os papéis da credulidade e, quando retornou, a que se dizia amiga, já havia saído da sala, levando consigo a assinatura de Mirian. Apenas as mentiras e omissões ficariam a remoer-lhe o estômago. Estava confusa porque nunca imaginou que pudesse cometer tal engano; eram anos e anos de vida e ela sabia com quem lidava. Mas, enganou-se. A outra, de fala mansa, semblante claro, não prestava. Estivera o tempo todo ali para que Miriam assinasse suas confissões. Ela traiu, emprestou dinheiro e caluniou. Agora será presa porque foi desmascarada. A família de Miriam chora porque ela está muito abatida. Estava sofrendo de vergonha. Miriam pensou em se matar, mas não teve coragem. Sua maior dor era a traição. Estava sozinha agora com sua culpa e arrependimento. Bastaria pedir desculpas a todos que ela prejudicou? Ela sabia que não. Sua assinatura, sua marca estavam naqueles papéis. Violentou-se. Terá que sofrer as conseqüências de sua má fé, no final não adiantou ela ser boa. Aqui se faz, aqui se paga. Sua família está aniquilada. Miriam levanta-se e pede, a esmo, por perdão.

Marisa Speranza

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