18 de set. de 2007

O mar de Cassandra


Cassandra adorava ir à praia. Ficava sentada em sua cadeira lilás, olhando para o mar, para as gaivotas e ouvindo os gritos de alegria das crianças. O mar lhe transmitia calma, sensação de morno e acolhimento. Parecia que o sol lhe abraçava sem pudor.Cassandra há muito não saía para desfrutar da natureza. Era uma mulher simples, pacata, de pouca conversa. Geralmente, o marido importante, doutor, é quem convidava algumas pessoas para jantares de negócios em sua casa. Sempre quis abrir uma grande clínica, mas o dinheiro não era muito e nunca sabia em quem confiar. Por enquanto, o marido de Cassandra, tinha um pequeno consultório na periferia. Eram pessoas felizes. Cassandra havia vivido para os filhos, agora crescidos e independentes. Chegara sua hora de poder desfrutar a vida. Queria ser uma mulher desejada e não somente ser a dona de casa, a mãe, a boa vizinha, a boa amiga. Ela era tudo de bom e já estava sentindo o peso de ter que cumprir esse destino. Em seus pensamentos, envolta na brisa que lhe percorria o rosto, Cassandra se imaginou uma mulher linda, com um vestido sensual, bronzeada do sol, com unhas pintadas de vermelho, com o corpo esguio, de porte altivo. Imaginou-se sendo beijada, não pelo homem que amara a vida toda ,mas por alguém mais lascivo, que realmente pudesse lhe dar prazer, de fazer com que se sentisse liberta e arrebatada. Imaginou o homem levando-lhe para um jantar chique, à luz de velas. Depois ele a levaria para sua casa, para o seu quarto e se amariam até de manhã. Cassandra suspira de imaginar os lençóis de seda, gelados e a pele quente do amante. Um contraste delicioso, que fazia do instante, perfeito.
Cassandra abriu os olhos e saiu do devaneio. Sentiu-se revigorada e mergulhou nas espumas do oceano. Sentia-se sensual, viva.
Iria mais à praia.


Marisa Speranza

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