2 de jan. de 2009

Sussuros

Sussuros nas paredes. Elas falam comigo. Sei que estou à procura de novos sons. Mergulhar nas profundezas de meu novo ser, sempre em mutação. Ontem, fiquei por aqui, deixando palavras passearem em mim, meu corpo. Minha cabeça foi invadida por palavras que não tomei nota. Esvaíram-se. Não consigo me recordar. Eram tão bonitas, multifacetadas. Todas coloridas e quentes. Perdi-as. Entro em angústia quando isso me acontece. Perdi o sopro do momento. Quero recuperar o instante e as paredes ainda falam comigo. Não consigo alcançar o sentido das coisas, de mim. Meu ventre pulsa, minhas pernas fraquejam. Não quero caminhar, fazer esforço. Quero que palavras se apoderem de mim, me rasguem, me comam. Puro gozo. Mas, não é isso que está acontecendo. Estou no vazio, no meio do nada, vertiginosamente livre, solta. Às vezes tenho medo dessa sensação que consome minha carne, me faz morrer. Fico lutando e recorro às palavras inúteis. Elas não querem saber de mim. Penso em dormir prá acordar depois e dizê-las porque sonhei, desejei. Tenho medo de ficar paralisada, distanciar-me e nunca mais encontrá-las. Estou ficando aflita porque ansiosa. Preciso parar agora de ouvir esses fantasmas que gritam das frestas. Tampo os ouvidos. Prefiro ficar no nada, tonta. Prefiro esperar outra hora e não adoecer de palavras não ditas. Preciso de um tempo.
Marisa Speranza

Um comentário:

Anônimo disse...

Marisa, participe do meme “7 pecados” que coloquei no meu blog! Vai lá!
Beijos